É muito recorrente nos jargões políticos ouvirmos sobre a “vocação do município” ou a “vocação da região”. Este tipo de análise, geralmente concebida de forma não-democrática, é que norteia as grandes empreitadas dos governos.
Aqui em Osório, existe um grupo de pessoas que está convencido que a vocação do município é atrair grandes indústrias, para gerar empregos que já é sabido, não garantem uma vida digna.
Ou alguém acredita que nas indústrias, em seus trabalhos subalternos, existe uma política salarial para a atender as necessidades e os direitos consolidados na Constituição Federal – saúde, educação, moradia, lazer, etc., para uma família padrão?
É comprovado que acompanham estes mega investimentos, demandas sociais que refletem diretamente na qualidade de vida e nos serviços públicos do município. Se é vocação do município produzir uma massa assalariada dependente exclusivamente dos serviços públicos, então aqueles grupos que apoiam a atração de indústrias a qualquer preço são realmente conhecedores das necessidades municipais.
Existem outros grupos de cidadãos que acreditam em uma cidade sede regional judiciária. Parece que é outra idéia concebida por poucos, sem a devida discussão democrática. Já se dizia na antiguidade clássica: “o que afeta a todos, deve ser discutido por todos”. De acordo com esta visão, Osório deve sediar uma Penitenciária que diziam que seria regional (que é de fato estadual, hiper lotada com detentos de todo o Estado do RS), e agora uma unidade da Fundação a Atendimento Sócio Educativo – FASE, a antiga FEBEM, pelo fato de abrigar o Juizado Regional da Infância e da Juventude.
Quem diz que os apenados da Penitenciária Modulada são todos da região, ou está mal informado ou mal intencionado. Assim como quem disser que existem condições desta penitenciária ressocializar alguém, é desconhecedor da realidade social. A Penitenciária Modulada que foi apresentada aos cidadãos osorienses era um modelo ideal, londe da realidade que se apresenta.
Só falta dizerem que a vocação de Osório e região é produzir menores com necessidades sócio educativas. Eu digo que é vocação da sociedade brasileira, o que se vê muito em Osório, a produção do autoritarismo e dos personalismos no trato das questões públicas. Desde os poderes Legislativo e Executivo cujas autoridades, não raro, se apropriam das ações para promoção pessoal, até o judiciário, onde muitos magistrados se apropriam de todo o ordenamento jurídico, ressignificando-o e produzindo decisões extremamente autoritárias. Esta é a atual vocação de Osório.
