quarta-feira, 26 de abril de 2017

O fim do welfare state brasileiro

Há quem diga que no Brasil não exista a distinção entre direita e esquerda, há aqueles que se proclamam de um lado sem bem entender o que significa e há os que não se reconhecem enquanto ideológicos, como se ideologia fosse algo proibido ou feio.

Óbvio que nas extremidades do espectro político se fala na ruptura da democracia, na ruptura do capitalismo, etc. Não é raro, as extremas direita e esquerda, pregarem a ruptura de algum dos pilares do Projeto Moderno, (Liberdade, Igualdade e Fraternidade), para favorecer outro. Tratarei aqui apenas da direita e da esquerda atualmente possíveis. De uma forma bem grosseira, para fins didáticos, eu diferencio da seguinte forma: A direita defende a concentração do capital em empreendimentos privados para que se gere riqueza, gerando empregos e, por conseguinte, se gere desenvolvimento econômico. Por isso que para a direita, o estado deve ser menor possível, para que se amplie o mercado. Com menor regulação estatal, o mercado pode se auto regular proporcionando um ambiente mais favorável para o desenvolvimento econômico (este é o mantra da direita).
A esquerda acredita na distribuição de renda e na função social do capital. Ou seja, a esquerda acredita que o capitalismo de mercado, por definição, é economicamente excludente, gerando desigualdades econômicas e sociais. Por isso, a esquerda prega que o estado deva ser forte regulador do mercado, para que haja maior igualdade social (menor desigualdade no caso brasileiro). Como estou tratando de alternativas de reforma do capitalismo, percebam que as metas de ambos pensamentos, apesar de antagônicos, não se excluem. É possível desenvolvimento econômico com igualdade social. É isso que prega o pessoal do centro. Porém, o centrão quase sempre aponta para aonde o mercado aponta!

O atual momento político é bem didático! Diante de uma crise econômica (de cunho internacional) o governo de centro-esquerda não se sustentou frente ao desgaste do modelo de distribuição de renda e inclusão social implantando desde 2003.  Sendo retirado oficialmente por motivos contábeis, o governo Dilma foi alvo de uma campanha multilateral, aliada às decisões equivocadas, teve sua governabilidade dissolvida, abrindo caminho para a deposição. A crise econômica e o combate à corrupção foram as justificativas midiáticas. O atual governo e as forças que o apoiam, defendem que são necessárias reformas (o desmonte do modelo), para satisfazer o mercado, reduzindo o tamanho do estado e sua regulação. Os reformistas pregam que o Brasil sairá da crise, mas a História nos mostra que o receituário apresentado pelos banqueiros colocou bem mais países em crises do que o contrário. O welfare state brasileiro foi tardio e durou pouco! (Obs. o combate à corrupção foi utilizado como justificativa midiática para derrubar vários governos ao longo da história). 

Apregoa-se que o modelo de inclusão social gerou a crise econômica, mas é justamente ao contrário! A crise econômica enfraqueceu, politica e economicamente, o modelo! Por intoxicação ideológica, dizem que as reformas são modernizadoras, que a legislação atual, recepcionada pela "ex" Constituição Cidadã é antiga e inspirada nos modelos fascistas, que a previdência está quebrada sem demonstrar nenhum balanço, etc. São estratagemas para se desmontar o modelo de inclusão social e implantar um modelo de maior liberalismo econômico. É ridículo de tão evidente! A chamada crise das commodities, que é conjuntural, está sendo remediada com mudanças estruturais que podem jogar o País numa crise estrutural, que é o pior tipo! São aquelas crises que geram a pobreza extrema em larga escala! Este tipo de crise não vemos por aqui desde a virada do milênio!
Por enquanto!