quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

Taxa de Desemprego e o discurso midiático.

As informações sobre a taxa de desemprego no Brasil são trazidas sempre como indicadores de "falência" do país ou "esgotamento dos governos". Esse discurso tem base em alguns fatores que possibilitam a sua reprodução enquanto verdade. Aqui vou partir de uma premissa técnica: análise de taxa de desemprego não é apenas observar um ranking ou comparar um mês com o mesmo mês em outros anos. Existem muitas outras variáveis que compõe os cenários para que possamos relativizar o indicador.
Em geral, as notícias e os noticiários procuram aspectos negativos nas taxas de desemprego, sobretudo a taxa brasileira, sem ao menos contextualizá-la. As últimas manchetes sobre o tema trazem a pérola: "Taxa de desemprego cai, mas é a maior do mês de Novembro desde 2008". Percebam que a notícia boa que é a queda da taxa de desemprego é acompanhada com uma comparação que expressa cenário negativo! Isso diz muito de um país cuja os maiores veículos de comunicação buscam dissociar a crise econômica brasileira da crise mundial. Lembremos que o ano de 2008 foi o ano que estourou a crise nos EUA e o Brasil encontrava-se em pleno crescimento e queda do desemprego (veja tabela 2). A comparação a ser feita para melhor entendimento sobre a taxa de desemprego, seria comparar o Brasil com outros países, neste momento da crise mundial, ou seja, num cenário maior. Se observarmos a relação abaixo, percebemos que o Brasil está na média mundial quanto a taxa de desemprego. Ainda, se observarmos os países cuja a taxa está em alta (China, França, Rússia, Canadá, México, Indonésia), lembrando que é necessário análise de fatores internos em cada país, percebemos que economias muito avaliadas pelas agências de rating estão  num patamar tão "desfavorável" quanto o Brasil. Certo mesmo é que observamos que há ciclos que compõe uma única crise mundial de longa duração. Observem as maiores taxas de todos os países desta lista e vejam que o Brasil não destoa dos países desenvolvidos.


Creio, palavra de quem não entende muita coisa de economia, é que devemos nos atentar para que qualquer taxa que compõe indicadores para avaliar a economia, deva ser analisada em contexto. Devemos entender que um indicador se trata de uma tentativa de um retrato daquele momento econômico. No entanto, a realidade é dinâmica  e passa constantemente por ciclos e neste momento o Brasil está num ciclo de estabilização do desemprego com variações negativas e positivas. Não há, por enquanto uma alta que caracterize um descontrole no desemprego como estão explorando discursos rasos.

Assim como outros indicadores, a taxa de desemprego é alvo de discursos analíticos rasos e tendenciosos que encontram eco na falta de informação da maioria da população sobre os temas. As informações são produzidas e direcionadas por noticiários com o objetivo claro de gerar indignação contra o governo federal. Esta tática da grande mídia está dando certo!
Vê-se por aí pessoas dizendo que o desemprego no Brasil é o maior de todos os tempos. Mas se houvesse uma taxa que medisse a falta de imparcialidade dos veículos de comunicação, esta taxa, sim, seria a maior de todos os tempos.



Fonte Gráficos
http://www.wikipedia.com.br
http://pt.tradingeconomics.com/country-list/unemployment-rate

quarta-feira, 19 de agosto de 2015

Os impostos e a cidadania


Discutir o óbvio me faz mal! Mas a atual conjuntura exige sacrifícios! hehe Então vamos rediscutir a questão impostos: Os impostos são a principal fonte de recursos que compõe a receita do estado. É assim no mundo todo! Existem impostos municipais, estaduais e federais. Porém, todos são previstos na CF 1988. É mito que o Brasil tem carga tributária de primeiro mundo! A questão está justamente no tamanho do estado. Leia aqui



No Brasil, os preços dos produtos são expostos já com impostos embutidos! Portanto, é comum acreditar que quando um empresário desembolsa recursos para recolher uma guia de ICMS, por exemplo, ele esteja pagando o imposto! Na verdade ele apenas está repassando os valores cobrados dos clientes, para o estado! Por isso chama-se recolhimento! Basicamente os impostos sobre a renda são pagos progressivamente por pessoas físicas e jurídicas! No caso das empresas, estas já incluem nos seus preços finais dos produtos, além da margem de lucro, todos os custos que incluem os impostos. Mas, devido aos impostos embutidos nos produtos, é a população de baixa renda quem paga proporcionalmente muito mais impostos na pirâmide econômica e social! Assim como a despesa com alimentação representa uma fatia maior no orçamento doméstico, o imposto pago é também proporcionalmente maior para esta classe social! Isso é tão óbvio que somente desenhando para se ter mais clareza! No entanto há pessoas que acreditam que pagar mais impostos, nominalmente, devido ao fato de se ter uma renda abismalmente maior que outras, o faz mais "cidadão" que outro! Num post futuro posso discorrer a respeito da deturpação do conceito de cidadania.
  
Mas voltemos à carga tributária falando sobre o objetivo dos impostos. Bem! Tudo está relacionado com a função do estado, que é, a muito grosso modo, a promoção do bem estar. Pode se dizer que o estado tem a função de regulação social. Isso não quer dizer que o estado seja o Robin Wood, tirando dos ricos para dar aos pobres, tampouco quer dizer que deva retornar mais serviços públicos aos que pagam nominalmente mais impostos! Num país em desenvolvimento, a regulação acontece quando o estado, a partir de programas públicos oficiais, transparentes e lícitos, promove a redução da desigualdade social promovida pela desigualdade econômica. Já num país desenvolvido, o estado oferece a integralidade dos serviços de educação, de saúde, de cultura e de segurança para todos os cidadãos indiscriminadamente, uma vez que não há abismal desigualdade econômica e social.

Num país como o Brasil, são necessários muitos mais investimentos na área social para manter o crescimento econômico, devido a grande desigualdade econômica e social existente entre o topo e a base da pirâmide social.  Economistas e capitalistas já apontam para o aperfeiçoamento do capitalismo justamente combatendo a desigualdade abismal entre os extremos da pirâmide social. Pois o sucesso do sistema capitalista depende justamente do grau de consumo dos indivíduos e de que haja o mínimo possível de indivíduos em situação de vulnerabilidade econômica. Caso este número seja muito alto, aumenta o custo-país, e dificulta os serviços!

Neste ponto é que podemos progredir para a discussão do tamanho do estado! Com os recursos dos impostos, o estado promove serviços para regular socialmente os efeitos da desigualdade econômica de um capitalismo desarranjado como o nosso. Se o governante pensar em reduzir os gastos reduzindor o tamanho do estado (privatizar serviços), estes serviços passarão para a iniciativa privada obedecendo a lógica de mercado. E esta lógica é simples: só consome quem tem recursos para consumir. Este serviço privatizado se torna mais um fator de exclusão para aqueles da base econômica, acentuando a vulnerabilidade, aumentando a necessidade do estado investir recursos para incluir economicamente estes indivíduos. 

É óbvio que não sou economista! No entanto é óbvio que, por vezes, sejam necessárias as perguntas: Para onde vão os impostos? Por que a carga tributária brasileira não se traduz num país com infraestrutura e serviços de primeiro mundo?  As respostas podem ser simples ou complicadas mas, no final, podem não agradar a quem pensa que paga muitos impostos e recebe poucos benefícios como retorno.  Culpar a corrupção no governo e esquecer dos seus iguais que sonegam, também constitui tanto um equívoco como um sintoma. 

Pela via da análise sociológica, cultural e política, podemos concluir em poucas palavras, que a origem do descontentamento dos que pagam nominalmente mais impostos, os que estão no topo da pirâmide econômica, está nos investimentos sociais feitos pelo estado.  Dizer que o brasileiro paga muitos impostos e ainda tem de desembolsar para obter serviços de educação, saúde e segurança, constitui a razão pela qual o país é subdesenvolvido. Estes serviços oferecidos pela inciativa privada - que seguem aquela velha lógica de mercado - esvazia a possibilidade crítica aos serviços públicos, ao invés de transformá-los em universais e catalizadores de cidadania, transforma-os numa espécie de favores filantrópicos. Os serviços públicos são direitos de todos cidadãos e cidadãs, mas infelizmente são vistos como favores oferecidos aos que pagam nominalmente menos, porém, proporcionalmente mais impostos.

Não perceber que, justamente esta visão elitista, que produz esta enorme desigualdade econômica,  é que resulta nestas convulsões crísicas do capitalismo, prejudicando a todos. Talvez seja a cultura elitista e não os impostos a grande diferença entre os países desenvolvidos e o Brasil.  

terça-feira, 11 de agosto de 2015

MARSUL: 49 anos de arqueologia entre as forças políticas


O Museu Arqueológico do Rio Grande do Sul, o MARSUL, fundado oficialmente em 1966, em Taquara, RS, tem como mentor o professor de desenho industrial Eurico Theófilo Miller. Miller fazia pesquisas arqueológicas independentes desde a década de 1950 e como participante do PRONAPA, Programa Nacional de Pesquisas Arqueológicas, iniciado em 1965, surge a necessidade da formação de uma instituição de caráter público. Então pelo Decreto Estadual 18009/66 em 12 de agosto de 1966, é criado o MARSUL. Há exatos 49 anos!

Desde a sua fundação, a instituição teve como principal característica a pesquisa arqueológica. Pesquisadores reconhecidos no meio acadêmico no Brasil inteiro e inclusive no exterior, tiveram contato com o acervo e com as pesquisas do MARSUL. As pesquisas arqueológicas do PRONAPA e a ligação direta com o Instituto Smithsoniano (Smithsonian Institution), sediado em Washington, EUA, que financiou  e forneceu o arcabouço teórico que serviu de instrumental de análise e procedimentos arqueológicos de então. Estas pesquisas deram vida e razão da existência do Museu. Em 1977, foi construída a sede própria do MARSUL, numa área de 5,6 ha, doado pela Prefeitura de Taquara em 1973, às margens da rodovia RS 020, Km 04. Hoje, 49 anos depois, o Museu não consegue realizar suas atividades. Quais as causas que transformaram um museu reconhecido regional e nacionalmente como um centro de pesquisas num lugar esquecido pelo Estado e que serve de depósito pela Prefeitura Municipal?

No início dos anos 1980, num contexto de abertura democrática, e diante do crescente anti-imperialismo estadunidense, o PRONAPA e o Prof. Eurico Miller passaram a ser alvos tanto de teorias de conspiração, como de movimentos políticos de "retomada dos domínios do estado" - pelo fato do programa nascer um ano após o golpe de 1964, e pelo fato da participação do Smithsonian através do casal de arqueólogos estadunidenses Betty Meggers e Clifford Evans. Naquele momento delicado da política nacional, o campo das pesquisas arqueológica e acadêmica e as atividades do MARSUL deixaram de contar com os agentes políticos como apoiadores e passaram a ter estes agentes políticos como atores diretos. O foco deste texto não é a expulsão de Eurico Miller do MARSUL e tampouco as teorias conspiratórias em torno do PRONAPA! Este texto tem por foco a atual situação de abandono de um Museu que abriga um dos acervos mais importantes para a arqueologia brasileira cuja história perpassa a história daquele Museu. Mas entendo que é a partir da expulsão do prof. Miller do MARSUL pelas forças políticas que geram-se as condições para o atual estado de abandono do Museu.

Estou certo de que a atual situação não decorre de uma única causa ou aspecto. Decorre de múltiplas causas, que tomaram vida e/ou foram amplificadas pelas tensões exercidas pelas forças colocadas em ação em torno daquele espaço. A primeira força, da qual já discorri muito rapidamente, vamos chamar de "força científica", pela qual o MARSUL foi engendrado e em função da qual os atuais prédios foram erguidos sobre a atual área. Sem entrar no mérito técnico ou nas características pessoais de cada pessoa envolvida ou diretor nomeado, esta força visou a pesquisa arqueológica como função precípua da instituição.  A segunda e a terceira forças são políticas, no entanto em esferas diferentes. O Governo do Estado, como segunda força, foi quem acolheu a institucionalização do Museu, dando-lhe o caráter de instituição pública regional. A terceira força, a Prefeitura de Taquara, segundo depoimentos, foi o pivô do desentendimento de Miller que redundou em sua expulsão, mas foi nos em meados dos anos 2000 que a Prefeitura se estabeleceu na área de maneira institucional.

Diante das tensões exercidas por estas forças é que a história do MARSUL vai se moldando e chega os dias atuais. A força científica, que outrora era a uníssona na gestão, foi suplantada pela força política do Estado que, diante da tensão política da força Município, requereu a intervenção no Museu. As razões e as versões são controversas, mas o que se colhe em depoimentos, é que Miller teria sido arrancado pela Brigada Militar após frustar as tentativas das forças políticas de "colonizar" o Museu e suas pesquisas, que até então eram financiadas pelo Instituto Smithsoniano. A partir deste episódio truculento, a instituição ficou cada vez mais a mercê das forças políticas, tanto estaduais quanto municipais, que parecem desconhecer o real valor científico e cultural do acervo contido naquele prédio. Mesmo que muitas vezes os diretores ou diretoras do Museu tenham sido técnicos de formação, as descontinuidades, tanto técnicas quanto políticas prejudicaram muito a gestão, atingindo inclusive ao acervo. A partir do final dos anos 1980, o Museu e a área são abertos para visitação pública, numa mudança de paradigma,  experimentando um sucesso entre a população da região que passou a conhecer tanto o espaço, no sentido de recreação na área,  quanto as atividades de pesquisas arqueológicas do MARSUL. No entanto, as pesquisas arqueológicas passaram, a partir daí, a perder espaço enquanto objetivo devido à colonização das forças políticas sobre a força científica. Tanto a comunidade local, impulsionadas pelas forças políticas locais, quanto as forças políticas regionais, passaram a ver como objetivo primeiro do MARSUL a recreação tendo como a arqueologia apenas como fundo temático.

Em 2009 o Governo do Estado firma um convênio com o Município de Taquara, onde cede toda a gestão e manutenção do MARSUL. Como resultado, no mesmo ano, o MARSUL foi interditado pelo Ministério Público Federal a pedido do IPHAN, pela situação de risco sobre o acervo e sobre as pessoas, devido aos entulhos empilhados em suas dependências pela Prefeitura. Desde a década 1990, o Governo do Estado vem tensionando pela extinção, terceirização ou cedência do Museu, diante do ideário estado mínimo que prega a redução do número de instituições públicas mantidas pelo Erário. O Município de Taquara, desde final dos anos 2000, vem utilizando o prédio que era destinado à administração, biblioteca e auditório do Marsul para instalação do Museu Histórico Municipal e o prédio do acervo arqueológico, o prédio da Reserva Técnica, a prefeitura vem utilizando como depósito de sucatas, entulhos, almoxarifado, oficina e arquivo morto.

Fica evidente que as forças políticas tensionam em direção oposta à força científica. Estas forças políticas, por meio da velha politicagem de compadrio e apadrinhamento, muito conhecida na história e cultura política brasileira, minaram toda a capacidade de produção científica do MARSUL, que gerou consequências óbvias de identidade da instituição. Afinal, um Museu Arqueológico sem atividades de pesquisa, perde o sentido de existir. A falta de identidade, gera a sensação "peso morto" nas costas do Estado que permite, por parte do Município, a tensão pela apropriação dos prédios e da área. Em suma, as forças políticas são complementares, uma quer se livrar e a outra quer se apropriar, enquanto a força científica não produz efeitos sobre a gestão.

Esta situação acabou gerando uma ação judicial que gerou uma condenação do Governo do Estado, fincando este obrigado a recuperar os prédios do Museu. No entanto, as ações judiciais ainda não alcançaram o âmago do problema do MARSUL, aquilo que podemos denominar de "insegurança institucional"! Situação em que as forças políticas tencionam e afogam a força científica, proporcionando uma enorme confusão sobre os limites e os papéis de cada ator sobre o espaço, causando a real situação de risco àquele importantíssimo acervo arqueológico e documental.
   

segunda-feira, 22 de junho de 2015

Campanha eleitoral e reforma política!

Muito se diz que a política brasileira só melhoraria com uma reforma política que mudasse muitas regras! Eu acredito que uma reforma pode melhorar ou dar a sensação de melhora, mas não tornaria a política ideal para a população brasileira. A política ideal apenas será construída pela própria população brasileira uma vez que aquela reflete esta. 

Fiquei realmente horrorizado quando vi a publicação de uma pesquisa eleitoral em junho 2015 levantando dados para a eleição presidencial de outubro de 2018! Isso mesmo! Três anos e meio antes do pleito! No meu entendimento, pesquisas eleitorais apenas têm utilidade em período eleitoral! São úteis, quanto há candidatos em campanha! 

Fazendo uma breve análise de conjuntura é possível entender esta publicação de pesquisa, se observarmos o Brasil a partir de outubro de 2014. Após as eleições presidenciais, uma onda de golpismo tomou conta da sociedade brasileira que refletiu, inclusive, no Congresso Nacional. As manifestações anti Dilma e anti PT, amplamente transmitidas pela grande mídia, foram parte de uma grande campanha colocada em andamento por grupos políticos derrotados nas eleições de 2014, grande parte das empresas de mídia e grande parte da classe média brasileira, cuja ideologia é diametralmente oposta ao que representam os governos petistas. Isto é, governos de inclusão social e maior distribuição de renda!

Uma campanha está em andamento já que Lula foi lançado candidato há seis meses do segundo governo Dilma e já se comporta como tal. Aliás, grupos petistas já lançavam Lula em 2013 quando Dilma perdeu os 80% de popularidade. O candidato petista inclusive já virou alvo do candidato Aécio Neves, derrotado em 2014 e que continua em campanha! Este último procura agradar o seu eleitorado em aparições orquestradas, como a missão à Venezuela em apoio aos presos políticos daquele país, "ditadura comunista" segundo a direita brasileira. Não há como ser simplista ao tratar de sociedade, cultura e política, entre os prós e contras ainda há a operação Lava-Jato que vem desbaratando um mega esquema de corruptos e corruptores em licitações na Petrobras. Corrupção que sabemos, existe em todos os níveis administrativos e sociais, e existe desde o Brasil colônia! No entanto, o que se difunde nos noticiários é que apenas os políticos são corruptos, mais especificamente os governistas, mais especificamente os políticos do Partido dos Trabalhadores! Assim, os alvos principais desta campanha são Lula, que representa o futuro e Dilma que representa o presente do PT.  

A operação Lava-Jato é o maior cabo eleitoral desta campanha! Não a operação em si, e sim os resultados e fatos amplamente noticiados! A operação Zelotes, por exemplo, que não tem políticos como antagonistas, foi posta no esquecimento pela grande mídia que é investigada por sonegação!  A Lava-Jato é maior até que os grandes e poderosos grupos de mídia que, descaradamente, tomaram lado nesta disputa. A pesquisa eleitoral foi publicada porque estes grupos de mídia reconhecem e promovem a campanha em andamento. Publicada logo após a missão malograda à Venezuela, apresenta Aécio na dianteira, demonstrando que assim como numa campanha eleitoral - quando há uma produção de fatos para valorizar o candidato - esta pesquisa visa medir a eficácia das ações das oposições ao governo Dilma e capitalizar todo o descontentamento à via tucana!  

Agora entendi tudo e fiquei muito mais tranquilo em saber que não enlouqueci!

quarta-feira, 13 de maio de 2015

De peça de ficção à orçamento impositivo

Com esta nova onda de medidas conservadoras sendo aprovadas no Congresso Nacional, surgem ecos nos Legislativos locais. Uma dessas medidas que está na moda é o Orçamento Impositivo.

Historicamente as peças orçamentárias, sobretudo as municipais, são tratadas como peças de ficção! As Leis Orçamentárias (LOA), Leis de Diretrizes Orçamentárias (LDO) e Plano Plurianual (PPA) são elaborados pelos Poderes Executivos e enviados aos Poderes Legislativos, na maioria dos casos, para cumprir as leis e normas técnicas, simplesmente. De maneira pró-forma! No final das contas, no fim do execício fiscal (um ano), o orçamento é tão modificado por meio das famosas Suplementações, que os valores iniciais ficam completamente descaracterizados. 

Não podemos atribuir a culpa integralmente os prefeitos ou prefeitas pela falta de importância e critérios dispensados às peças orçamentárias. Igualmente os legisladores, até então, não dispensavam muita atenção, ou quase nenhuma, aos orçamentos municipais. A população, de certa maneira, contribui para o descaso quando não participa das Audiências Públicas de avaliação das Metas Fiscais ou às consultas populares que muitos municípios fazer para elaboração de seus orçamentos.

No entanto, como no Brasil as oportunidades de levar vantagem em alguma coisa não passa em branco, os Legislativos Municipais estão apresentando projetos de emendas às Leis Orgânicas Municipais para viabilizar o Orçamento Impositivo. Isso seria ótimo se não fosse cômico!

O que os vereadores enxergaram, realmente, foi a possibilidade de “administrar” uma fatia do Orçamento Municipal para promover a sua habitual politicagem do assistencialismo e clientelismo! Em termos técnicos, e até culturais, os brasileiros deveriam dispensar maior atenção aos processos ao invés de olhar exclusivamente no resultado. O que quero dizer é que o Orçamento Municipal deveria ser a ferramenta de planejamento por excelência para os Executivos e Legislativos atingirem suas metas e desempenhar duas missões. Todos os processos de elaborar as Peças Orçamentárias são muito mais reveladores aos cidadãos de como se organiza seus municípios, que quaisquer noticiários que possam assistir.


Por fim, da forma como a maioria dos políticos brasileiros está interpretando o Orçamento Impositivo, como uma possibilidade de “obrigar” o gestor a executar as emendas parlamentares, sem ao menos entender o objetivo de todo o processo de planejamento orçamentário, infelizmente teremos na maioria dos municípios que adotarem este modelo, uma peça de ficção impositiva.

sábado, 21 de março de 2015

"Se" o golpe desse certo!

No fazer historiográfico, o métier do historiador, devem ser evitadas as futurologias! Consiste em evitar as conjecturas baseadas no "se"! Mais ou menos assim: "Se" a Reconquista (retomada cristã sobre a invasão muçulmana na Península Ibérica) não fosse bem sucedida, a maioria dos brasileiros estaria hoje rezando de bunda para cima e com a cabeça virada para Meca. Futurologia! Ou pior ainda: "Se" D. Pedro I não dissesse "para o bem de todos e felicidade geral da nação, diga ao povo que fico" em 9 de janeiro de 1822, o Brasil seria colônia portuguesa por muito mais tempo. Ou, por uma visão mais otimista, a independência brasileira dependeria muito mais das forças populares, não teríamos uma monarquia e consequentemente teríamos uma democracia muito mais antiga e consolidada na memória social dos brasileiros! Futurologia! Outra muito usual entre os estudantes de História é a: "Se" Jango tivesse resistido ao Golpe de 1964? Bem, vamos voltar a este assunto mais a diante! 

Com as manifestações de junho de 2013 e os atos em março de 2015, onde percebemos a crescente ideia de intervenção militar sendo sustentada por grupos de direita, suscita uma outra forma de futurologia que busca responder a duas perguntas: É possível uma intervenção militar no Brasil de 2015? Como seria um governo militar caso houvesse essa intervenção?

A primeira pergunta pode ser respondida com uma análise político-social, conjuntural e estrutural. Não se trata de exercício de futurologia e sim de um conhecimento básico de Direito Constitucional para identificar que uma intervenção militar fere a Constituição Federal no inciso XLIV do artigo 5º que diz "constitui crime inafiançável e imprescritível a ação de grupos armados, civis ou militares, contra a ordem constitucional e o Estado Democrático;". Muito embora a grande maioria dos analistas, pelo menos os sérios, aponta para a impossibilidade de um golpe militar no Brasil, eu digo que "se" isso acontecer não poderá ser constitucional. Seria um golpe, pois utilizaria uma via ilegal para deposição de uma governante eleita democraticamente. A partir deste ponto começa o abominável, porém divertido exercício da futurologia!

Caso haja uma "intervenção militar", ou seja, um golpe via forças armadas, como seria um governo pós-golpe? Seria ditatorial? Implementaria a tortura e o desaparecimento como muitos apontam para esta triste memória? Limparia a corrupção e moralizaria a política do país?

Vamos começar de onde paramos, na Constituição Federal. Caso houvesse um golpe no Brasil atual, uma das primeiras ações, senão a primeira, seria declarar nula a Constituição pois ela anula qualquer governo que não seja constituído pela suas regras. Seria ilógico um governo golpista manter um documento que invalida suas ações. Logicamente, seria necessário também, ao governo golpista, dissolver o Congresso Nacional e extinguir os partidos políticos. A final de contas, o respaldo ao golpe foi dado por conta do enorme descontentamento com os políticos. E lá estariam as vozes que possivelmente se levantariam contra o golpe. Seria necessário a decretação da perda dos direitos políticos. A censura, ainda que branca ou branda, seria implementada! O governo precisaria de apoio e reconhecimento internacional e interno, para isso seria necessário uma propaganda governamental gigantesca para demonstrar que o golpe foi imprescindível para a garantia da ordem, da moral e da "boa política", para eliminar a ameaça do socialismo. (Opa, isso é da Guerra Fria!) O golpe seria justificado como forma de evitar a transformação do Brasil numa "grande Cuba" ou em uma "grande Venezuela" pela "presidenta guerrilheira" e um partido stalinista. E a Operação Lava-Jato da Justiça Federal, assim como todas as outras e futuras investigações sobre corrupção política, passariam a serem controladas pelos civis e militares golpistas, que passariam a selecionar os nomes dos envolvidos nos casos de corrupção para não desgastar o governo, selecionando apenas os opositores a fim de desgastar os antecessores e o grupos políticos de esquerda. Seriam necessárias as nomeações de uma Assembléia Constituinte e de um ministério. Seriam necessárias as nomeações dos cargos para tocar as estatais, os governos dos estados e dos municípios. Afinal, o golpe militar rasgou a antiga Constituição e agora os governos estaduais e municipais são nomeados pelos apoiadores do golpe. Estes serão escolhidos entre o povo, majoritariamente entre os antigos políticos que apoiaram golpe. Estariam todos estes políticos purificados de todos seus pecados após o golpe? Suas índoles, estariam totalmente depuradas dos velhos hábitos! A corrupção estaria extinta no novo Brasil governado pelos golpistas civis e/ou militares!

Continuemos com a nossa divertida, porém abominável futurologia. O novo governo seria, por definição, ditatorial! Os civis e militares após praticarem um golpe de estado com a deposição de um governo democraticamente eleito, não colocariam nas mãos do povo o novo governo! Tampouco chamariam eleições, pois não haveriam as regras para tanto! (A constituição foi rasgada, lembra?) Ainda mais com a possibilidade da eleição, novamente, de um representante do partido deposto! Fariam, logicamente, modificações no estado brasileiro de forma a garantir que seu grupo político tornar-se-ia hegemônico. Dentre todos os fatores possíveis, o mais imprevisível seria a reação popular. Como reagiriam os militantes de esquerda frente a um golpe de direita?

Devemos sempre observar que se a direita foi radical o suficiente para depor um governante constitucional, rasgar a constituição e implantar uma censura associada a uma propaganda chapa-branca, a esquerda vai pensar numa reação tão radical quanto! Muito provavelmente grupos armados de esquerda surgirão, que logo seriam tachado como terroristas pela propaganda do sistema que cooptou os veículos de comunicação e cassou os veículos contrários ao novo regime! Os grupos de esquerda organizarão manifestações que poderão insuflar a população a protestar pela volta da democracia e dos direitos perdidos pela queda da extinta Constituição Federal e pela falta de acesso a informação! Sendo um estado de exceção este tipo de manifestação contra o governo seria proibida, e os manifestantes serão "dispersados" à força! Os organizadores seriam perseguidos e presos acusados de qualquer coisa! (Os direitos e garantias fundamentais foram rasgados com a Constituição. Lembra?). Estes grupos de esquerda, vão começar a divulgar ao mundo, através das redes sociais e canais de vídeos na internet, as ações das forças armadas golpistas, clamando por ações da comunidade internacional em prol dos direitos humanos. Aí que as forças oficiais dos golpistas, a partir dos seus serviços de inteligência define a necessidade da proibição das redes sociais no Brasil, até que a ordem seja restaurada! Afinal, as imagens de soldados brasileiros "dispersando" os manifestantes anti ditadura, causam muito mais impacto que a desacreditada Rede de Televisão, que não pára de divulgar as boas ações do governo e as ações terroristas dos grupos de oposição! Então, após a economia fracassar e a pressão internacional identificar a falta de democracia ainda que haja revesamento do poder, o regime resolve promover uma abertura lenta, gradual e segura. Após muitos excessos criminosos contra a população, sobretudo contra os grupos de pessoas contrárias e com ideologia diversa a de direita, o regime propõe, unilateral e benevolentemente, uma anistia ampla, total e irrestrita! Em 2036 o brasil volta a eleger democraticamente seus governantes que é amplamente festejada pelos veículos de comunicação hegemônicos que enriqueceram durante os períodos obscuros vendendo entretenimento à população!

A futurologia no meio acadêmico é tratada como um desvio no ato de historiar! Mas como este espaço é livre dos academicismos, conclui-se, a partir destes irrefutáveis fatos no futuro do pretérito, que um golpe civil-militar na atualidade, só seria possível se fossem proibidos o Facebook, Twitter e Watsapp em território nacional. Entretanto, voltando ao início de nossas conjecturas, Jango provavelmente pensou em resistir ao golpe de 1964, mas desistiu em função de alguns fatores. "Se" Jango resistisse ao golpe de 31 de março, teria que criar uma rede de informações gigantesca, colaborativa e com uma tecnologia desenvolvida para a guerra. O Brasil teria, então, desenvolvido a primeira rede social do mundo! Teríamos uma indústria da informação hiperdesenvolvida sobre uma base acadêmica sólida. Seríamos hoje um país extremamente desenvolvido, com uma democracia amadurecida. Teríamos assento no conselho de segurança da ONU, e seríamos o líder das Américas em armamentos. Seríamos imperialistas e sedentos por recursos primários para manter nosso "estilo de vida brasileiro". Claro que tudo isso, após vencer a guerra contra os EUA! Uma barbada!

quinta-feira, 19 de março de 2015

Um Brasil melhor?


As manifestações do último dia 15, suscitaram muitas análises que se propuseram a responder muitas perguntas e apontar os muitos fatores que contribuíram para que tantos brasileiros fossem às ruas naquele domingo. Não pretendo aqui esgotar o assunto, mas acredito que posso contribuir um pouco para o entendimento histórico, político e social do fenômeno, que acredito deva ser analisado num contexto mais abrangente para poder ser compreendido.

Primeiramente devemos responder a pergunta: Quem eram os manifestantes?

Desde o século XX o Brasil vem experimentando acirramentos nas disputas políticas e radicalismos ideológicos que estabeleceram uma dicotomia que transpassa o espectro político, assentando suas bases nos posicionamentos sócio-ideológicos ao longo do tempo. Na minha visão, esta disputa de longa duração vem desde as disputas entre metropolitanos e coloniais, passando por imperialistas versus republicanos, liberais versus socialistas, e que hoje colocam de um lado os da chamada atual direita brasileira, um bloco político com ideais que representam a defesa das classes sócio-econômicas mais altas, ameaçadas de inúmeras perdas diante dos sucessivos governos petistas, e de outro lado a atual esquerda brasileira que defendem avanços sociais e maior distribuição de riqueza com maior foco nas classes mais inferiores da pirâmide social. Esta dicotomia, desde os anos do integralismo, (o fascismo no Brasil) é representada pelo verde amarelo versus o vermelho. Nos anos 1980, foi evidenciada pelas publicações do "BRASIL: Nunca mais." e "Brasil SEMPRE".


Os manifestantes do dia 13 de março, manifestação organizada por partidos e instituições de esquerda, vestiam vermelho e representavam as classes sociais mais baixas. Já nas manifestações do dia 15 de março, manifestações organizadas pelos partidos de oposição (PSDB, DEM, PPS, etc.) e pela grande mídia comercial do país, vestia-se verde e amarelo! É inegável, e não houve tentativas incisivas de negar isso, que a maioria dos manifestantes eram das classes mais elevadas, levando-se em conta o que Bourdieu chama de capital material. Pessoas que no mínimo não têm problemas com acesso aos bens básicos para uma vida digna. Pelo contrário! Muitos, nas últimas férias viajaram para o exterior! Mas surgem aqueles que dizem: “Eu não sou da elite. Sou um trabalhador indignado com a pouca vergonha na política!”. Muito bem! Mas resolveu se manifestar ao lado dos que pedem o impeachment da presidente, intervenção militar, marchando ao lado de toda sorte de ultradireitistas como os neonazistas, etc. Não se trata aqui das origens humildes ou sobrenome, trata-se de quais ideais são defendidos! No caso das manifestações em questão, eram ideais de direita e elitistas.

Outra pergunta a ser respondida é: O que queriam os manifestantes?

Claro que fatores como o televisivo ato de fazer história, o antiesquerdismo, a risível desinformação, o revanchismo pela perda das eleições em 2014, etc., influenciaram a organização dos atos do dia 15 de março. Alguns institutos de pesquisas e jornalistas independentes produziram um rico material que evidencia o que as transmissões da grande mídia comercial omitiu e/ou mascarou para transformar o ato em algo “extremamente politizado que entrará para história”. Muitas declarações de manifestantes são verdadeiras pérolas que atentam contra ao ensino formal como um todo, sobretudo o ensino básico de História! As reivindicações do “Movimento Brasil Livre” não foram claramente expostas além das máximas generalizantes e golpistas. Vivemos em uma democracia e com liberdade de expressão, mas o que se presenciou naquele domingo, foram muitas agressões, incitação ao ódio às pessoas e partidos políticos, palavras de ordem majoritariamente xenofóbicas, orquestradas pelos organizadores e reproduzidas pela maioria dos manifestantes. Cenas de xenofobia comparáveis ao fascismo dos anos 1930 e de anticomunismo comparáveis ao período da Guerra Fria! Entretanto, por trás de todo o ruido produzido por estas agressões absurdas, pudemos observar nas entrevistas tanto para a mídia oficial quanto para a mídia alternativa, padrões que podem nos elucidar o que de fato querem os manifestantes! Quando perguntados do porque estavam alí, surgiam quase que universalmente as duas frases: “contra a corrupção” e “por um Brasil melhor”. Surgiram outros motivos como “contra o PT”, “contra a Dilma”, “contra o Lula”, “prisão do Karl Marx”, “abaixo Paulo Freire”, “intervenção militar constitucional”, muitos cartazes em inglês, etc. Acredito que analisando o “contra a corrupção” e o “Brasil melhor” poderemos vislumbrar os reais objetivos da maioria dos manifestantes.

Ser contra a corrupção é um princípio fundamental de cidadania. O brasileiro, antropologicamente defini como corrupção o ato prejudicial à sociedade praticado pelos outros! Isto mesmo! A corrupção, para o brasileiro, é somente praticada pelos outros! Por isso daquela camiseta do ex jogador de futebol e agora grande empresário,  com os dizeres “A culpa não é minha. Eu votei no Aécio!”. A culpa da corrupção é sempre dos outros, na cabeça dos brasileiros! O brasileiro sempre diz ter votado em um político honesto! O Congresso nacional está formado de representantes dos mais variados setores da sociedade brasileira! Dentre muitos deputados e senadores honestos, existem os desonestos! Aqueles cidadãos e cidadãs foram parar no Congresso por culpa dos outros? Ou será que muitos não votaram, apoiaram, fizeram campanha, doaram recursos financeiros, etc.? Ou os deputados e senadores são ungidos por uma santidade que os fazem seres divinos, portanto representantes somente do que o há de melhor no povo brasileiro?

Não há bom cidadão que não seja contra a corrupção. A corrupção está em pequenos atos como furar uma fila, não devolver um objeto perdido, praticar propaganda enganosa, sonegar impostos, dirigir sob efeito de álcool ou drogas, etc. São exemplos de corrupções que ocorrem diariamente e muito próximo a nós e que necessitam de ações de cidadania! De protestos diários! Diante de tudo, conclui que as pessoas que estavam nas manifestações, de certa forma, estavam se manifestando contra a corrupção dos outros! E que na verdade estavam fartos das repetitivas inserções já tendenciosas nos jornais e revistas que dizem, em última instância, que o Brasil está repleto de "seres políticos" corruptos que estão tomando o país de assalto! As pessoas que diziam: “não aguento mais a corrupção”, na verdade estavam querendo dizer “eu não aguento mais a televisão, jornais e revistas repetirem ad nauseam a existência de corrupção no meio político”. E os empresários corruptores que diariamente estão sugando os recursos públicos em obras e licitações superfaturadas? Estes não aparecem nos telejornais e revistas onde anunciam como corruptos?
 
Quanto ao “por um Brasil melhor”. Não será difícil perceber que a frase está incompleta! Há que se responder um pergunta secundária: Melhor para quem? Visto que a grande maioria dos manifestantes eram economicamente de classes altas, certamente não desejavam um "Brasil melhor" para os pobres! Desejavam a instituição do imposto sobre as grandes fortunas para que haja maior distribuição da riqueza que se concentra nas mãos de poucos ricos? Ironias a parte, vejo que o "Brasil melhor" está diretamente ligado a uma cidadania mais qualificada e menos corrompida pelos ímpetos egoístas e gananciosos. O Brasil melhor daqueles manifestantes é o Brasil da desigualdade social imensa que existia nos períodos ditatoriais! Por isso o clamor de sua volta! Para que não se veja mais pobres em aeroportos, pobres construindo casas e comprando carros! Para que volte a ser mais fácil ter empregada doméstica, que trocava seu trabalho por comida e moradia nas dependências! Para que não haja cotas nas universidades públicas que tradicionalmente eram frequentadas pela elite. Enfim, a grande massa de manifestantes estavam alí com o desejo da volta no tempo, que expressa o desejo da volta ao passado das grandes diferenças econômicas e sobretudo sociais. Um Brasil que tivesse continuado como enclave para os EUA. Um Brasil sem Dilma, sem Lula, sem o PT , sem o PSOL, sem o PCB e o PCdoB. Partidos que, por exemplo, representam a luta pelo respeito à diversidade étnica e cultural. Lutam para a inclusão das minorias étnicas e de gênero! Ou seja, parafraseando um deputado da direita gaúcha, “tudo o que não presta”!

Este é o país melhor que subjaz nas afirmações de muitos manifestantes!

Um Brasil melhor para quem, cara-pálida pintada?