sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Outra memória do dia D

Ao ler um texto num jornal local, festejando o dia D, senti-me provocado a fazer algumas avaliações históricas acerca dos festejos do 6 de junho. Temos, hoje, uma sociedade essencialmente democrática e livre, que nos permite manifestar-nos sem censuras e com liberdade. Entretanto há que se ter responsabilidades diante desta liberdade. É importante lembrar de fatos históricos relevantes como o dia D, o desembarque na Normandia, que ceifou muitas vidas. Fato que, aliás, no meu entender e de muitos analistas de história militar é repleto de muitos erros estratégicos, ocasionando muitas baixas desnecessárias. Como diz a velha máxima: conta a história quem vence a guerra. Só que nesse caso quem ganhou a guerra não contou a história.

Contudo, mais importante que festejar datas é analisar, sem ufanismos, o panorama político-militar que levou a derrota do III Reich e por conseqüência, o final da Segunda Guerra. Depois das ofensivas nazistas e a expansão dos domínios de Hitler, a data que poderíamos apontar como marco do início da derrocada nazista, não é o dia D, 6 de junho de 1944, e sim 31 de janeiro de 1943, quando os nazistas se entregaram aos russos em Stalingrado, depois de uma campanha sangrenta em 1942. Hitler se propôs a exterminar os judeus, também por associa-los ao comunismo. A idéia central ao atacar a URSS era destruir tudo e matar todos.

Ao final da Segunda Guerra, quase 6 milhões de judeus mortos cruelmente, de maneira gratuita, num episódio sombrio conhecido como Holocausto. Não podemos esquecer, porém, que foram aproximadamente 20 milhões de soviéticos mortos, a maioria civil, pelo simples fato de ser eslavo.

Portanto, não devemos somente aos EUA e à Grã Bretanha a capitulação de Hitler, esta última, aliás, pode ser apontada como co-responsável do avanço nazista sobre democracias, se omitindo pelo simples fato do combate sangrento ao comunismo promovido pelos nazistas. Enquanto brasileiros, não devemos esquecer os 20 anos de ditadura que mergulhamos devido a uma doutrina de segurança nacional difundida a partir dos EUA, num cenário de Guerra Fria, que depôs um governo legítimo que pretendia efetuar reformas que, sem dúvidas, trariam mais justiça social. Sem falar nos séculos de exploração econômica promovida pela Inglaterra durante os períodos colonial e imperial.

Por fim, devemos muito mais a Stalin que a Roosevelt ou Churchil a queda do nazismo. Com certeza, a versão da história que circula, não é a versão do exército que estava em Berlin, a alguns metros do chefe suicida do III Reich, este que foi o Exército Vermelho, considerado aliado até então. Claro que comunista, no nosso país, ainda é sinônimo de tudo aquilo que a propaganda estadunidense ensinou aos muitos reprodutores de opinião.

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