terça-feira, 22 de outubro de 2013

Professoras e professores cidadãos

No mês de outubro “comemoramos” várias datas. Dentre elas o dia 15, dia do professor. Nesta semana, foram muitas as manifestações via redes sociais em homenagem ao dia do professor. Muitos textos produzidos por professores, agentes políticos, jornalistas, etc. em torno do fazer pedagógico e da importância de professores e professoras para a formação dos cidadãos. 

No entanto, percebe-se em muitos deste texto, geralmente de pessoas de outras áreas de formação, uma confusão sobre o fazer pedagógico. Há, visivelmente, a confusão generalizada do que realmente é o papel destes profissionais do ensino. Confunde-se a educação formal com a educação social, aquela “que vem da família”, aquela que forma valores sociais imprescindíveis para o convívio em sociedade, que forma pessoas tolerantes, compassivas, altruístas, gentis, etc.

A educação formal “apenas” produz ou deveria produzir sujeitos com capacidade de apropriação de conhecimentos, preparados para o grande “mundo” e com habilidades e competências para inferir socialmente a partir da produção desses conhecimentos. Professor não forma a índole dos sujeitos. Pode inspirar, no máximo!

Há uma confusão muito antiga, que gerou ou continua gerando a ideia de que o professor deve educar desde a formação social, ensinar os alunos a serem socialmente educados. Mas, via de regra, talvez por influência desta confusão, é o que de fato ocorre em nossas escolas! Crianças e jovens sem noção alguma de convívio em sociedade caem num sistema educacional formal e ainda tradicional, demandando dos profissionais que lá estão um saber pedagógico para além da Pedagogia. Os profissionais do ensino são compelidos a serem os tradicionais mestres da antiguidade, desempenhando um papel de formação social total. A paideia dos gregos na antiguidade. Uma formação que abarca desde a regulação até a emancipação. Ou seja, ensinam os alunos a se comportarem em sociedade (regulação) e a pensarem a sociedade (emancipação). Talvez esta seja, paradoxalmente, a grande mazela e o grande desafio da educação brasileira. Mazela por levar os problemas sociais para a escola e desafio por demandar soluções educacionais para estes problemas sociais manifestados na escola. 

De fato, as missões das professoras e dos professores não são poucas. Pois estes são pais e mães de em média uns duzentos alunos que conhecem pelo nome, sabem da condição social da maioria, ajudam com problemas familiares de outros, são exemplos para poucos, mas acabam ensinando um pouco da vida para todos. Diante do aviltamento salarial, das sucessivas gestões equivocadas, do atraso do estado frente ao mundo contemporâneo, mesmo diante de todas as mazelas apontadas diariamente entorno do mundo escolar, o que podemos comemorar? Comemoremos a entrega diária destas cidadãs e destes cidadãos com “C” maiúsculo.

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