Observando o comportamento do índice oficial que mede
a inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA,
medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística –
IBGE, fiquei muito intrigado. Não sou economista, por isso vou
utilizar termos que todos entendem! O que me intriga é que os
especialistas dos grandes jornais e os telejornais das grandes
emissoras de televisão estão, desde o início do ano, monitorando
cada medição deste e de outros índices de inflação, sustentando
que "a inflação voltou" ou até que está aumentando de
maneira incontrolável. Fico mais intrigado ainda quando percebo que
setores específicos da sociedade brasileira como a classe patronal
industrial, a oposição política ao atual Governo Federal, a grande
parte da classe média alta e classe alta do nosso país estão
alardeando uma crise econômica que o País não vive.
As manchetes beiram a comicidade se não fosse um
assunto tão sério. Uma, por exemplo, diz que o FMI reduziu a
previsão de crescimento do Brasil de 3% para 2,5%, ou algo parecido.
Ora! Todos sabem que aquele órgão internacional é devedor do
Brasil, e que se o País entrasse de fato numa crise, seria um ótimo
momento de renegociação. Outra manchete diz respeito a
desaceleração da geração de emprego no trimestre vinculando a
queda da perspectiva do crescimento do PIB. Ora! Desde sempre estes
índices se comportam variavelmente de acordo com a época do ano,
isto é, de maneira sazonal.
Pois bem! Não quero rebater aqui todas as manchetes
sensacionalistas, especulativas e claramente tendenciosas dos grandes
veículos de comunicação.
Mas fico realmente irritado com
gigantesco boicote ao País em nome de um projeto de retomada do
poder. Pois é assim que vejo! Estes setores da sociedade que num
passado não muito distante se beneficiaram das crises que quebraram
economicamente o Brasil, hoje estão saudosistas do tempo daquela
enorme desigualdade. O que acontece é uma propagação de
informações truncadas e fora de um contexto amplo, no intuito claro
da promoção eleitoral de 2014. Penso que existem limites que não
poderiam ser ultrapassados. Não se pode "brincar" com a
estabilidade econômica do País em nome do jogo eleitoral
escancarado! Quem está interessado em pesquisas de intenções de
voto para presidente faltando mais de 1 (um) ano da eleição? E
porque os números da aprovação do Governo Dilma Rousseff são
sistematicamente divulgados?
Fico muito intrigado não só com as afirmações de
grandes mídias que procuram evitar a contextualização maior, mas
com aquilo que evitam mostrar. Evitam dizer, ´por exemplo, que
comparando os números de inflação, do crescimento, da geração de
empregos, entre o Brasil e os países desenvolvidos, vemos o quanto
nosso sistema econômico está passando ao largo de toda a crise do
capitalismo mundial de maneira tão invejável que a espionagem teve
que ser utilizada pelos EUA para fazer frente ao nosso crescimento.
Enquanto o jogo político feito pelas grandes redes e
corporações destinado apenas a tomada do poder, jogo este que vibra
numa frequência muito baixa, uma crítica mais aprofundada ao modelo
econômico brasileiro é negligenciada. Eu diria que uma crítica com
maior foco no aspecto estrutural do que no conjuntural deveria ser
produzida pelos especialistas. Creio que seria muito mais edificante,
lógico e compreensível para toda a população brasileira.
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