domingo, 15 de setembro de 2013

Falta crítica de fato

Observando o comportamento do índice oficial que mede a inflação, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA, medido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, fiquei muito intrigado. Não sou economista, por isso vou utilizar termos que todos entendem! O que me intriga é que os especialistas dos grandes jornais e os telejornais das grandes emissoras de televisão estão, desde o início do ano, monitorando cada medição deste e de outros índices de inflação, sustentando que "a inflação voltou" ou até que está aumentando de maneira incontrolável. Fico mais intrigado ainda quando percebo que setores específicos da sociedade brasileira como a classe patronal industrial, a oposição política ao atual Governo Federal, a grande parte da classe média alta e classe alta do nosso país estão alardeando uma crise econômica que o País não vive.

As manchetes beiram a comicidade se não fosse um assunto tão sério. Uma, por exemplo, diz que o FMI reduziu a previsão de crescimento do Brasil de 3% para 2,5%, ou algo parecido. Ora! Todos sabem que aquele órgão internacional é devedor do Brasil, e que se o País entrasse de fato numa crise, seria um ótimo momento de renegociação. Outra manchete diz respeito a desaceleração da geração de emprego no trimestre vinculando a queda da perspectiva do crescimento do PIB. Ora! Desde sempre estes índices se comportam variavelmente de acordo com a época do ano, isto é, de maneira sazonal.
Pois bem! Não quero rebater aqui todas as manchetes sensacionalistas, especulativas e claramente tendenciosas dos grandes veículos de comunicação. 

Mas fico realmente irritado com gigantesco boicote ao País em nome de um projeto de retomada do poder. Pois é assim que vejo! Estes setores da sociedade que num passado não muito distante se beneficiaram das crises que quebraram economicamente o Brasil, hoje estão saudosistas do tempo daquela enorme desigualdade. O que acontece é uma propagação de informações truncadas e fora de um contexto amplo, no intuito claro da promoção eleitoral de 2014. Penso que existem limites que não poderiam ser ultrapassados. Não se pode "brincar" com a estabilidade econômica do País em nome do jogo eleitoral escancarado! Quem está interessado em pesquisas de intenções de voto para presidente faltando mais de 1 (um) ano da eleição? E porque os números da aprovação do Governo Dilma Rousseff são sistematicamente divulgados?

Fico muito intrigado não só com as afirmações de grandes mídias que procuram evitar a contextualização maior, mas com aquilo que evitam mostrar. Evitam dizer, ´por exemplo, que comparando os números de inflação, do crescimento, da geração de empregos, entre o Brasil e os países desenvolvidos, vemos o quanto nosso sistema econômico está passando ao largo de toda a crise do capitalismo mundial de maneira tão invejável que a espionagem teve que ser utilizada pelos EUA para fazer frente ao nosso crescimento.

Enquanto o jogo político feito pelas grandes redes e corporações destinado apenas a tomada do poder, jogo este que vibra numa frequência muito baixa, uma crítica mais aprofundada  ao modelo econômico brasileiro é negligenciada. Eu diria que uma crítica com maior foco no aspecto estrutural do que no conjuntural deveria ser produzida pelos especialistas. Creio que seria muito mais edificante, lógico e compreensível para toda a população brasileira.

Nenhum comentário:

Postar um comentário