terça-feira, 3 de setembro de 2013

Sindicalismo e o Populismo

Foi eleita a nova diretoria do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Osório – SSPMO que tomou posse dia 19 deste mês de agosto, dia da votação. Depois de uma longa sucessão de reeleições da gestão anterior, ocorre a vitória da chapa de oposição. Parabenizo a nova diretoria e ao mesmo tempo venho refletir sobre este aspecto político de nossa sociedade.

A situação do SSPMO se assemelha, de maneira geral, a situação da maioria dos sindicatos do Brasil. Por um lado muito vinculados a política partidária e por outro lado amarrados aos benefícios financeiros e locupletamento pessoal na função sindical, repito, isso de maneira geral.

Os sindicatos, não apenas no RS mais em todo o País vêm passando por uma crise que remete a sua gênese. Os sindicatos em sua essência estão muito vinculados ao populismo característico do período histórico que legalizou a atividade sindical no Brasil: A "Era Vargas". Muito conhecida nos livros didáticos, o período de 1930-1945 que Getúlio Vargas governou por meios autoritários e ditatoriais, transformou o Brasil em praticamente todos os aspectos. Os sindicatos, neste período, tiveram sua institucionalização porém de forma tutelada pelo governo. Tinham, na visão do governo da época, a tarefa de conciliar os interesses entre a classe trabalhadora e a classe patronal. Aliás, esta é uma das maiores características do populismo, além do líder carismático que se comunica com as massas, as concessões paternalistas e governo autocrático, a conciliação entre as classes é requisito para que possamos atribuir o status de populista a um ou outro governo. Fala-se em governos neo-populistas na América do Sul, mas isto já é outra história!

Os sindicatos, desde então, vêm adquirindo colorações de diversas matizes e se constituindo enquanto movimento político social heterogêneo. Isto é, uma gama muito diversa de origens somaram-se aos discursos e ações sindicais formando assim diversas correntes de pensamento dentro do movimento. No entanto, a grande maioria das organizações sindicais, sobretudo as do interior do País, ainda praticam aquela velha política sindical paternalista que visa a conciliação entre as classes de maneira cooptativa. Um benefício para um grupo ali, outro favorzinho aqui, etc. A conhecida fórmula do "toma lá, dá cá"!

Mas os sindicatos não servem para intermediar as negociações entre as classes? Sim! Mas devem fazer isso de maneira plural, transparente, com vista a um projeto maior, que no caso dos sindicatos dos servidores públicos de todo o Brasil, devem objetivar um serviço público de qualidade. Na minha modesta visão, o serviço público de qualidade não depende apenas da obra e materiais de primeira linha, mas depende também de profissionais qualificados e atuando com excelência em suas funções, com condições de trabalho adequadas para que o serviço prestado tenha igualmente grau de excelência. Desta forma o objetivo do sindicato é sempre, ou deveria ser, a máxima qualificação do resultado do trabalho do sindicalizado.

A triste realidade é que a grande maioria dos sindicalistas neste país apenas se utilizam de cargos sindicais como trampolim político e/ou para alçar vantagens pessoais em função de suas posições. Assim, infelizmente, os movimentos políticos de origem social como os sindicatos, que deveriam promover a oxigenação política nos partidos, nos governos e parlamentos, sucumbem diante da força do capital e da sedução que o poder econômico exerce sobre seus membros para que permaneçam praticando o velho e surrado populismo de Vargas.  

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