Foi eleita a
nova diretoria do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de
Osório – SSPMO que tomou posse dia 19 deste mês de agosto, dia da
votação. Depois de uma longa sucessão de reeleições da gestão
anterior, ocorre a vitória da chapa de oposição. Parabenizo a nova
diretoria e ao mesmo tempo venho refletir sobre este aspecto
político de nossa sociedade.
A situação do SSPMO se
assemelha, de maneira geral, a situação da maioria dos sindicatos
do Brasil. Por um lado muito vinculados a política partidária e por
outro lado amarrados aos benefícios financeiros e locupletamento
pessoal na função sindical, repito, isso de maneira geral.
Os sindicatos, não apenas
no RS mais em todo o País vêm passando por uma crise que remete a
sua gênese. Os sindicatos em sua essência estão muito vinculados
ao populismo característico do período histórico que legalizou a
atividade sindical no Brasil: A "Era Vargas". Muito
conhecida nos livros didáticos, o período de 1930-1945 que Getúlio
Vargas governou por meios autoritários e ditatoriais, transformou o
Brasil em praticamente todos os aspectos. Os sindicatos, neste
período, tiveram sua institucionalização porém de forma tutelada
pelo governo. Tinham, na visão do governo da época, a tarefa de
conciliar os interesses entre a classe trabalhadora e a classe
patronal. Aliás, esta é uma das maiores características do
populismo, além do líder carismático que se comunica com as
massas, as concessões paternalistas e governo autocrático, a
conciliação entre as classes é requisito para que possamos
atribuir o status de populista a um ou outro governo. Fala-se em
governos neo-populistas na América do Sul, mas isto já é outra
história!
Os sindicatos, desde então,
vêm adquirindo colorações de diversas matizes e se constituindo
enquanto movimento político social heterogêneo. Isto é, uma gama
muito diversa de origens somaram-se aos discursos e ações sindicais
formando assim diversas correntes de pensamento dentro do movimento.
No entanto, a grande maioria das organizações sindicais, sobretudo
as do interior do País, ainda praticam aquela velha política
sindical paternalista que visa a conciliação entre as classes de
maneira cooptativa. Um benefício para um grupo ali, outro
favorzinho aqui, etc. A conhecida fórmula do "toma lá, dá
cá"!
Mas os sindicatos não
servem para intermediar as negociações entre as classes? Sim! Mas
devem fazer isso de maneira plural, transparente, com vista a um
projeto maior, que no caso dos sindicatos dos servidores públicos de
todo o Brasil, devem objetivar um serviço público de qualidade. Na
minha modesta visão, o serviço público de qualidade não depende
apenas da obra e materiais de primeira linha, mas depende também de
profissionais qualificados e atuando com excelência em suas funções,
com condições de trabalho adequadas para que o serviço prestado
tenha igualmente grau de excelência. Desta forma o objetivo do
sindicato é sempre, ou deveria ser, a máxima qualificação do
resultado do trabalho do sindicalizado.
A triste realidade é que a
grande maioria dos sindicalistas neste país apenas se utilizam de
cargos sindicais como trampolim político e/ou para alçar vantagens
pessoais em função de suas posições. Assim, infelizmente, os
movimentos políticos de origem social como os sindicatos, que
deveriam promover a oxigenação política nos partidos, nos governos
e parlamentos, sucumbem diante da força do capital e da sedução
que o poder econômico exerce sobre seus membros para que permaneçam
praticando o velho e surrado populismo de Vargas.
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